sexta-feira, 22 de julho de 2016

Relações estáveis podem levar a um sexo morno?

Quase todas as pessoas que responderam à enquete da semana acreditam que não devemos nos conformar com um sexo morno no casamento.
Alguns dizem que quando isso acontece é necessário quebrar a rotina e ser criativo. Não faltam sugestões nas revistas femininas de como apimentar a relação. Isso não passa de um equívoco. É o desejo sexual intenso que leva à criatividade, e não o contrário.
Ouço com frequência queixas de homens e mulheres a respeito do desempenho sexual dos parceiros. Alguns homens dizem que a mulher parece não gostar de sexo, que fica parada esperando o homem assumir tudo; que a maioria é muito reprimida, parece que não sente prazer em dar prazer ao homem; que seu desejo sexual é menor que o do homem….
Mas isso não se comprova. Estudos recentes mostram que a sexualidade de ambos os sexos é fisiologicamente parecida. Apesar de a maioria das mulheres desejarem relacionamentos românticos, pesquisas do sexólogo americano Jack Morin mostraram que quando se trata de produzir excitação sexual, o sexo explícito é o que deixa as mulheres com mais desejo, como acontece com os homens.
Muitas mulheres, por sua vez, dizem que os homens não se demoram nas preliminares e partem logo para a penetração. Isso impediria que elas chegassem ao orgasmo. Uma delas me perguntou: “Será possível encontrar um manual de como proceder com uma mulher, na conquista, na cama e depois disso também?”
Mesmo que exista amor entre o casal, a rotina, a excessiva intimidade e a falta de mistério podem tornar o sexo morno. Numa relação estável busca-se muito mais segurança que prazer. Para se sentirem seguras, as pessoas exigem fidelidade, o que sem dúvida é limitador e também responsável pela falta de tesão.
A certeza de posse e exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução e a conquista. Familiaridade com o parceiro, associada ao hábito, pode provocar a perda do desejo sexual, independente do crescimento do amor e de sentimentos como admiração, companheirismo e carinho.
O psicanalista Wilhelm Reich apresentou várias pesquisas feitas na primeira metade do século 20 e afirmou que a duração média de uma ligação de base sexual é de quatro anos. Para ele, o enfraquecimento do desejo sexual pode não ser definitivo.
Mas passa facilmente do estado passageiro a permanente, se os parceiros são incapazes de tomar consciência do ódio recíproco, se rejeitam como inconvenientes e imorais os desejos sexuais sentidos por outras pessoas.
É fundamental todos saberem que quando o sexo fica morno ou o desejo acaba totalmente, na grande maioria dos casos, não se trata de problema pessoal ou daquela relação específica, e sim fato inerente a qualquer relação prolongada, em que a exclusividade sexual é exigida.
Essa informação pode evitar acusações mútuas, em que se busca um culpado pelo fim do desejo. O preço é a decepção de ver se dissipar o ideal do par amoroso. No entanto, a partir daí fica mais fácil cada um decidir o que fazer da vida.
As soluções são variadas. Alguns fazem sexo sem vontade, só para manter a relação. Outros optam por continuar juntos, vivendo como irmãos, como se sexo não existisse. E ainda existem aqueles que passam anos se torturando por não aceitar se separar nem viver sem sexo.
http://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/2016/07/12/relacoes-estaveis-podem-levar-a-um-sexo-morno-2/

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